I
Sem que me falte nada, ando nas ruas mal iluminadas pelas lâmpadas de mercúrio. Carrego nos bolsos, um pedaço de papel, um isqueiro, um maço de cigarros, poucos trocados e algum sentimento.
Um vapor de álcool sai pela minha boca enquanto me esforço para subir uma rua mais inclinada. Penso em Minas Gerais e seus morros mais íngremes e mais tristes, onde, quando mais jovem, carreguei muito mais que hoje.
O desejo que sinto agora não cessa. Não sem você aqui.
II
Praça da Sé, 1556. Um homem nu caminha sob o sol dos trópicos. Ele olha para os lados do Bela Vista, bebe um pouco de cauim e fecha os olhos. Ao abri-los novamente vê um tempo futuro, com costumes, homens e roupas estranhas.
Vê um deles sair de uma casa grande, que vai até o céu. O homem caminha para um lugar onde fica sentado o dia todo em frente a uma caixa. Ao fim do dia o homem se levanta e volta para o Bela Vista.
Assustado com o que viu, o índio pega uma flecha e tenta enfiar na própria cabeça.
III
Decidiu que a partir daquele dia seria um sósia do Elvis. Afinal tinham muito em comum, os dois eram alcoólatras. Foi até a 25 de março, comprou uns rebites, uma calça franjada, uma coroa e uma garrafa de Jack Daniels.
Está só esperando essa modinha do Restart passar para fazer sucesso.